Planos e Danos

E lá vou eu de novo, mais um investimento profissional. Na próxima semana inicio graduação em Gestão de Recursos Humanos. Ainda nem terminei a pós-graduação em Psicopedagogia, mas já me matriculei e vou voar em novo projeto, um novo sonho, uma nova perspectiva de vida profissional e também pessoal por que tudo é aprendizagem, conhecimento e trocas. E eu adoro trocar... trocar e-mails, telefones e até conhecimentos! Consegui convencer um amigo, também instrutor de trânsito, a estudar comigo, e ele se matriculou.

O que vai acontecer mais a frente, no futuro, não sei! Não escolhi ser babá... não foi algo que parei, pensei e decidi! Aconteceu, gostei, fiquei, estou! Mas quero mais. Gosto, adoro crianças, aprendo com elas e me dedico de corpo e alma quando estou trabalhando/brincando. Mas quero mais e sinto que preciso reavaliar minha vida, reestruturar meus planos para causar menos danos! Menos danos na minha agenda, no meu destino, seja lá ele qual for, menos dados para as famílias que atendo. Quero abraçar o mundo com duas mãos mesmo sabendo que isso é difícil, ou impossível, e acabo metendo os pés pelas mãos por que o dia, muitas vezes, não comporta minha agenda! 

Bom, só falta comprar o guarda-chuva vermelho, porque o meu eu perdi! 

Marrom

Decepcionada. Decepcionada e chateada, era assim que estava me sentindo ontem, e ainda hoje. Em tanto tempo trabalhando como babá nunca, nunca demorei tanto pra cativar uma criança. Não lembro de um desafio tão grande quanto o que estou tendo agora. Estou com muita dificuldade com um menino de 4 anos. Diariamente, a quase 2 meses escuta a frase: "- Eu não gosto de ti." Não há o que eu faça que agrade o menino que não seja por breves momentos. 

Ontem fiquei muito, mas muito chateada mesmo com uma atitude agressiva contra mim, e não era com a criança, é claro! Mas comigo mesma. Onde estou errado? O que estou fazendo que desagrada este menino? Todos os dias tenho de conquista-lo um pouco e o que mais me deixa mal é o fato de que criança não mente. Criança ou gosta ou não gosta! E é exatamente por este motivo que adoro e prefiro trabalhar com elas. A questão é que nunca havia enfrentado tal situação! É a primeira vez que não agrado uma criança. Claro que sempre tem o período de adaptação, que elas me testam. Toda a criança faz isso. Umas demoram mais pra me aceitar, outras menos... mas nunca levou mais de 1 mês pra que eu fosse aceita. Eu estou preocupada e matutando... matutando e lutando contra o sentimento de rejeição do menino. 

Todos os dias ele tenta me afastar de sua casa inventando algum motivo. O primeiro foi por que sou marrom e ele não gosta desta cor. O segundo foi por que de vez em quando ele fica gripado e não quer que eu também fique... E eu sempre digo: "- Mas eu gosto de ti." Levo doces para agradá-lo de vez em quando. Mas não quero que goste de mim pelo que levo de presente. Cativo a criança, mas a deixo cheia de cáries nos dentes?! 

Continuo matutando... matutando e agindo. Agindo e me aprimorando... E me remexendo muito!

Carteirasso

Outro dia entrei no ônibus e, cansada, sentei-me no único banco livre. O banco livre era reservado para idosos, deficientes físicos, gestantes e mulheres com crianças no colo. A placa diz: "Na ausência de pessoas nestas condições, o uso é livre." Geralmente evito de utilizar estes assentos, mas neste dia usei. O ônibus começou a encher, e eu comecei a rezar para poder continuar sentada. Eis que quando eu menos esperava, um véio (ops!) um senhor na "melhor idade" esfrega seu cartão TRI escrito IDOSO embaixo do meu nariz! Eu rapidamente me levantei, afinal de contas, estava errada! Levantei e cedi o lugar ao senhor que me agradeceu. 

Caminho então até a metade do ônibus e um outro senhor se levanta e me diz: -"Pode sentar, eu já vou descer daqui a pouco." Insisto para que ele permaneça sentado até o seu destino, mas ele levanta e sede o lugar pra mim dizendo: -"Acho estranho quando as pessoas levantam pra eu sentar! A gente não lembra que ficou velho, né!?" Dei um sorriso amigável e me despedi dele desejando-lhe tudo de bom.

É estranho como algumas pessoas, em certos momentos, usufruem de sua idade para algumas situações, tipo filas de banco e acentos dos ônibus. Claro, eu estava errada, e o idoso no seu direito, tanto que me levantei prontamente sem dar um piu! Os assentos destinados a eles hoje são preferenciais, mas futuramente, com a falta de educação de muitos, e aqui me incluo, se tornará obrigatoriamente deles.

Um dia estava caminhando no centro da cidade, correndo como sempre, quando olho para o lado, um senhor de idade, quase não dava conta de se manter em pé sozinho, mas me dá uma piscadela de paquera! Ora... ele realmente achou que retribuiria!? Eu hein! Penso que naquele momento ele voltou no tempo e se esqueceu que o corpo envelhecera... e a mente também! 

Meu pai dizia que não iria ficar velho, ele detestava qualquer atividade que envolvesse pessoas idosas, mas na fila do banco ele se aproveitava da preferencial! Tinha cabelos grisalhos desde muito cedo. Viu só, ele era velho quando lhe convinha! Nem velho mesmo ele era, morreu aos 60 anos! 

Quero deixar bem claro aqui, nada tenho contra pessoas idosos, vou envelhecer também, e também vou querer ser respeitada, só naquele momento dentro do ônibus pensei mais em mim do que nos outros. Foi uma atitude nada elegante da minha parte, eu sei e me envergonho. Mas reconheço meu erro e corrigi a tempo.

Eu Me Remexo Muito

Taí, tô bem longe de ser uma rainha, mas me identifiquei bastante com a música do Rei Julien, do filme de animação gráfica Madagascar lançado em 2005, que se remexe muito com tudo em cima! E literalmente, "eu me remexo muito" e "tô com tudo em cima"! Corro de um local a outro, canto e danço para crianças e "me remexo muito"! Estudo para aprimorar meu trabalho... faço estágio e danço. Danço, canso e não descanso por que ainda preciso me remexer muito para alcançar tudo que quero!  

Eu me remexo muito, e curto muito tudo!

Estágio Psicopedagógico Institucional

O dia só tem 24h, e eu precisaria de no mínimo 48 pra poder colocar em prática tudo que quero. Iniciei e já conclui meu estágio institucional que optei por realizar com a Equipe de Educação para o Trânsito da EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) e, contraditoriamente, ando atropelando as coisas, o tempo, o dia, as pessoas e a minha própria vida por querer fazer cada vez mais coisas sem abrir mão de nada que já faço. Foi um sufoco pra conseguir ingressar nessa instituição tamanha burocracia, mas consegui!

Adorei o período que passei com o pessoal no estágio, aprendi muito e fiquei com mais vontade ainda de voltar lá! Sendo Instrutora de Trânsito e Pedagoga, não vejo lugar melhor pra atuar profissionalmente no momento. Mas sem deixar as minhas crianças! Foi somente uma semana de estágio, participei de palestras, acompanhei uma ação em um Hospital, observei, conversei, conheci gente bacana e ainda sinto que faltou... faltou tempo pra mais, mais interação e convivência, mais aprendizado. Porém não desisti, quero voltar... vou voltar lá porque penso que tenho muito a aprender e também a contribuir com a Equipe de Educação para o Trânsito.