quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Vocabulário Feminino

Se eu tivesse que escolher uma palavra
- apenas uma -
para ser item obrigatório no vocabulário da mulher de hoje,
essa palavra seria um verbo de quatro sílabas:
descomplicar.
Depois de infinitas (e imensas) conquistas,
acho que está passando da hora de aprendermos
a viver com mais leveza:
exigir menos dos outros e de nós próprias,
cobrar menos, reclamar menos, carregar menos culpa,
olhar menos para o espelho.

Descomplicar talvez seja o atalho mais seguro para chegarmos à tão
falada qualidade de vida que queremos - e merecemos - ter.

   Mas há outras palavras que não podem faltar no kit existencial
da mulher moderna.
Amizade, por exemplo.
Acostumadas a concentrar nossos
sentimentos (e nossa energia...) nas relações amorosas,
acabamos deixando as amigas em segundo plano.

E nada, mas nada mesmo, faz tão bem para uma mulher
quanto a convivência com as amigas.
Ir ao cinema com elas
(que gostam dos mesmos filmes que a gente),
sair sem ter hora para voltar,
compartilhar uma caipivodca de morango
e repetir as histórias que já nos contamos mil vezes
- isso, sim, faz bem para a pele.

Para a alma, então, nem se fala.

Ao menos uma vez por mês, deixe o marido ou o namorado em casa, prometa-se que não vai ligar para ele nem uma vez
(desligue o celular, se for preciso)
e desfrute os prazeres que só uma
boa amizade consegue proporcionar.

E, já que falamos em desligar o celular, incorpore ao seu vocabulário
duas palavras que têm estado ausentes do cotidiano feminino:
pausa e silêncio.

Aprenda a parar, nem que seja por cinco minutos,
três vezes por semana, duas vezes por mês, ou uma vez por dia
- não importa -
e a ficar em silêncio.

Essas pausas silenciosas nos permitem refletir,
contar até 100 antes de uma decisão importante,
entender melhor os próprios sentimentos,
reencontrar a serenidade e o equilíbrio quando é preciso.

Também abra espaço, no vocabulário e no cotidiano, para o verbo rir.
Não há creme anti-idade nem botox que salve a expressão
de uma mulher mal-humorada.
Azedume e amargura são palavras que devem ser banidas
do nosso dia a dia.
Se for preciso, pegue uma comédia na locadora,
preste atenção na conversa de duas crianças,
marque um encontro com aquela amiga engraçada
- faça qualquer coisa, mas ria.
O riso nos salva de nós mesmas,
cura nossas angústias e nos reconcilia com a vida.

Quanto à palavra dieta, cuidado:
mulheres que falam em regime o tempo
todo costumam ser péssimas companhias.

Deixe para discutir carboidratos
e afins no banheiro feminino ou no consultório do endocrinologista.
Nas mesas de restaurantes, nem pensar.

Se for para ficar contando calorias,
descrevendo a própria culpa e olhando para a sobremesa
do companheiro de mesa com reprovação e inveja,
melhor ficar em casa e desfrutar sua salada de alface
e seu chá verde sozinha.

Uma sugestão?
Tente trocar a obsessão pela dieta por outra palavra que,
essa sim, deveria guiar nossos atos 24 horas por dia:
gentileza.

Ter classe não é usar roupas de grife:
é ser delicada.
Saber se comportar
é infinitamente mais importante do que saber se vestir.

Resgate aquele velho exercício que anda esquecido:
aprenda a se colocar no lugar do outro,
e trate-o como você gostaria de ser tratada,
seja no trânsito, na fila do banco,
na empresa onde trabalha, em casa, no supermercado,
na academia.

E, para encerrar, não deixe de conjugar dois verbos que deveriam ser
indissociáveis da vida:
sonhar e recomeçar.

Sonhe com aquela viagem ao exterior, aquele fim de semana na praia,
o curso que você ainda vai fazer, a promoção que vai conquistar um dia, aquele homem que um dia (quem sabe?)
ainda vai ser seu, sonhe que está beijando o Brad Pitt ...
sonhar é quase fazer acontecer.
Sonhe até que aconteça.

E recomece, sempre que for preciso:
seja na carreira, na vida amorosa, nos relacionamentos familiares.
A vida nos dá um espaço de manobra:
use-o para reinventar a si mesma.

E, por último
(agora, sim, encerrando),
risque do seu Aurélio a palavra perfeição.

O dicionário das mulheres interessantes inclui fragilidades,
inseguranças, limites.

Pare de brigar com você mesma para ser a mãe perfeita,
a dona de casa impecável, a profissional que sabe tudo,
a esposa nota mil.

Acima de tudo, elimine de sua vida o desgaste que é tentar ter coxas sem celulite, rosto sem rugas, cabelos que não arrepiam,
bumbum que encara qualquer biquíni.
Mulheres reais são mulheres imperfeitas.
E mulheres que se aceitam como imperfeitas são mulheres livres.
Viver não é
(e nunca foi)
fácil, mas, quando se elimina o excesso de peso da bagagem
(e a busca da perfeição pesa toneladas),
a tão sonhada felicidade fica muito mais possível.

Leila Ferreira
Formada em Letras e Jornalismo, com mestrado em Comunicação pela Universidade de Londres. Colaboradora da revista Marie Claire e autora do livro “Mulheres: por que será que elas…?” (Editora Globo), foi repórter da Rede Globo Minas por cinco anos e durante 10 anos apresentou o programa “Leila Entrevista” (Rede Minas e TV Alterosa/SBT), que produziu 13 séries internacionais e por onde passaram mais de 1,6 mil entrevistados.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

5kg

5kg... É isso, estou com 5kg a mais e não é de gostosura, sejamos realistas, é excesso de gordura mesmo! A algum tempo ando fugindo copiosamente de balanças. Entro em farmácias e faço de conta que aquele objeto simplesmente não existe ou que é um adorno sem uso dentro do estabelecimento. Mas ontem, ao chegar na casa de uma de minhas crianças ela me disse que faríamos uma série de exercícios. Pegou seu tablet, iniciou a sequência exibida em um programa e me pós a "malhar"! Eu e ela, imitando os exercícios realizados por uma mulher magra e elástica. É claro que grande parte dos exercícios eu não consegui fazer. Eis então que eu tive a infeliz ideia de comentar que estávamos perdendo peso com tanta ginástica e a menina então, resolveu me puxar pelo braço para que fossemos até a balança verificar quanto já havíamos perdido. Ela subiu na balança e me disse: -"Fabi, eu peso 25kg. Vamos ver quanto perdi!" A balança marcou 24,8kg e ela me disse: -"Viu, emagreci 2kg! Agora sobe tu na balança." Eu queria, e ao mesmo tempo, não queria! Mas ela insistiu. E eu disse: -"A balança não tá ligada!" -"Tá sim." Disse ela dando uma pisada firme no meio do aparelho, até que apareceu 00! Ai Meu Deus, e agora? Coragem, Fabi! Subi... e os números não paravam!! Corriam rapidamente, elevadamente e eu, apavarodamente conferi o resultado quando finalmente aqueles números, em vermelho, não me esqueço, em vermelho, estancaram.  
A cor vermelho significa "perigo". A Cruz Vermelha atende emergências! No painel de qualquer veículo, os ícones que aparecem aceso na cor vermelha indica manutenção ur-gen-te! O sinal de trânsito, quando está vermelho significa PARE! E agora o meu painel, meu motor 79, lançado em abril está gritando com a luz do óleo acesa. Mas não está faltando, está em excesso... muita graxa e pneus com aro maior do que o indicado pelo fabricante!  Ok, a aula de mecânica e as comparações não estão nada boas! O jeito é fechar a boca mesmo. 

domingo, 21 de outubro de 2012

Estou Quase Lá

Já me identifiquei com o Rei Julien de Madagascar. Agora descobri que sou uma mistura dele com a Tiana da animação A Princesa e o Sapo da Disney! Adoro esse desenho e Estou quase lá... quase lá.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Cognomes


Meu pai tinha o hábito, não sei se feio, de apelidar pessoas e eu, herdei essa mania dele! Sempre debochado, constantemente arrumava um nome engraçado para chamar alguns conhecidos. O senhor que nos vendeu a casa onde moro com minha mãe atualmente, por exemplo, chamávamos de Rézinha. Por que no dia em que ele nos levou até a humilde residência, o infeliz estava afônico, meu pai que estava dirigindo o carro, passou da rua que deveria entrar e então o corretor fala: -"Dá uma rézinha e entra na ruazinha." Pra quê!? Eu, na época com 14 anos, não parei de imitar o homem por pelo menos 1 mês. E o apelido ficou! Cada vez que nos referíamos a criatura, era Rézinha pra lá, Rézinha pra cá. 
O segundo pedreiro, dos 15 que passaram na construção e reforma lá de casa, meu pai o apelidou de Forrinho! Sempre que falava com minha mãe, em pleno horário de trabalho, ele deixava um de seus ajudantes de obra trabalhando e dizia: -"Vô ali colocar um forrinho e já volto." O nome do pedreiro, não sei! Mas até hoje nos referimos a ele, eu e minha mãe, como Forrinho! 
Na rua de casa passava sempre caminhando e falando com os vizinhos o Cabeça de Navio. O cara tinha um corte de cabelo que parecia mesmo a proa de um navio! Hoje em dia ele usa outro corte, mas continua sendo o cabeça de navio!
Mas meu querido pai também não se livrou de um apelidinho. Em uma das empresas onde trabalhou, era conhecido como o Pantera. Pantera, de Pantera Cor de Rosa, não porque era gay, nada a ver o rosa, mas sim porque era alto e magro, bem magro. Eu, por consequência, era chamada por uma de minhas tias de Panterinha. Ainda bem que o raio da alcunha não pegou. Por fim, meu pai morreu mesmo como Seu Tôninho. 
Na escola, quando cursava a 4ª série do ensino fundamental, eu era chamada de Barbosa, o personagem interpretado por Ney Latorraca no extinto programa TV Pirata. Eu era extremamente tímida e caminhava devagar com as costas curvadas, o que me resultou em uma lordose. Se isso acontecesse hoje, eu seria vitima de Bullying!
Atualmente eu sou a Fabi, só Fabi, simplesmente Fabi. Autêntica Fabi! 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Telefone sem Fio

Fico impressionada, e muitas vezes irritada, com a quantidade de conversas que escuto em minhas viagens em ônibus de linha pela cidade, correndo de um bairro a outro. As pessoas não tem limites de assuntos e temas abordados! E o raio dessas operadoras de celular que oferecem bônus para fazer ligações e falar a vontade?! Algumas criaturas resolvem utilizar os tais bônus dentro do ônibus!! Falam de suas vidas, falam dos colegas de trabalho, falam, brigam com seus "amores". E eu escuto! Tem dias que rezo pra descer do ônibus antes da tagarela que se encontra atrás de mim só pra ver o rosto, saber quem é a dona, ou dono, da voz e da vida exposta! Virar a cabeça para trás e olhar não tenho coragem! Já escutei até discussão de pensão alimentícia! Um dos ônibus que pego, geralmente embarcam as mesmas pessoas, e de algumas, sei a vida toda! Seus nomes, quantos filhos possuem, onde moram, onde trabalham. Escancaram tu-do! E quando dito tudo, é tudo mesmo! 
Telefone celular facilitou a vida de muitos, seja profissional ou pessoal. Eu hoje se saio de casa sem o meu, fico desesperada, passo muito tempo fora de casa e a forma mais rápida de me contatar é através do celular. Mas, pelo menos pra mim, em lugares públicos o celular é para ser usado com limite, recados rápidos, conversas simples, discretas e rápidas! Sinceramente, por vezes tenho vontade de arrancar o bendito aparelho das mãos e dos ouvidos de determinados seres estúpidos e atirar longe, sem dó nem piedade. 
Pior que tudo isso, são aqueles que dão um toque a cobrar pra outra pessoa, e quando a outra atende e escuta "aquela musiquinha" indicando ligação a cobrar, o pobre desliga a ligação. A pessoa então retorna e diz aos gritos: - "TU ME LIGOU??" O pobre, do outro lado da linha fala: - "Liguei. Acabô meus créditos." Gente, pelo amor... Olha já fui besta, mas muito besta mesmo retornando ligações pra "amigos" que me davam o tal do toque. Hoje acabei com essa palhaçada. Quer falar comigo? Dá um jeito! 
Namorado ligando pra "amada" a cobrar?! Ah, não! Tem dó! O cara não tem dinheiro nem pra colocar créditos no pré-pago!? E quando tem, dá uma de esperto pra não gastá-los. E o detalhe, não gastar com a namorada! Eu hein! Como me disse dia desses o pai de uma das crianças que cuido, num papo que nem sei bem como começou: -"O cara tem de deixar de comer (almoço, janta ou lanche gente) naquele dia pra te ligar!" Falando em relacionamentos... ah, deixa pra lá, isso é assunto pra outro post. Agora vou providenciar um fone de ouvidos para meu aparelho celular e escutar a rádio Antena 1 (www.antena1.com.br) em minhas viagens! Adooro!!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

...e vivemos COM os nossos pais.

Ando com uma ansiedade louca por independência, por vezes sufoco o desejo de embarcar em um avião qualquer rumo a outra cidade, distante da minha, distante de tudo que ando no limite de suportar. O medo do novo já nem me impede de fazer isso, mas sim uma situação de apego. E de doença. Doença emocional! Pensando bem, só ainda não fiz isso por causa da Amora, minha cadela. Há dias em que volto pra casa somente por ela. 
Conversando com um grande amigo no fim de semana, papo vai, papo vem sobre os apegos, e pais que viram nossos filhos, mesmo optando por não termos filhos (pelo menos por enquanto), ele me relata a frase dita por um de seus alunos, um senhor cuja filha hoje tem 42 anos de idade:
"- Ainda bem que minha filha não se casou, assim pode cuidar de mim e de minha esposa. Ele teve lá um namorado, mas nós não gostávamos dele."
Meu amigo então me diz: "-Fabi, eu fiquei com uma raiva dele!"
É provável que ele não tenha ficado com raiva do senhor, do seu aluno como pessoa, mas sim de sua postura perante a filha. E sei bem porque esse sentimento brotou. Por que ambos vivenciamos praticamente a mesma situação hoje. Ambos temos a mesma idade, 33 anos e filhos. Pais que viraram filhos! Porque nos sentimos responsáveis por eles. Porque temos irmãos que não colaboram quase nada quando há necessidade de auxílio, porque nossos irmãos vivem a vida como se não tivessem para cuidar os "filhos" que lhe deram a vida.
Outro dia ouvi uma conversa de portão, da minha mãe com uma vizinha que pergunta a ela sobre sua filha mais nova, ela responde que mora sozinha, tem a casa dela (só não contou que ela ajuda a sustentar a "independência dela"). Então a vizinha pergunta: -"E essa aqui?" Era eu! Minha mãe responde com a maior segurança: - "Ah não, essa aqui não me deixa!" Ou seja, ela já havia escolhido o meu destino! Ficar com ela até os últimos dias de sua vida, ou da minha. E os meus desejos? Meus sonhos? Minhas vontades? Não contam. Simplesmente não existem. Falar em sonhos pra minha mãe, ela só lembra do doce, tudo o que ela não pode comer por ser diabética! E depois que meu pai faleceu, a quase 4 anos atrás, a situação piorou.
Eu trabalho, trabalho e trabalho! Estudo, estudo, estudo! E as vezes me pergunto, pra quê? Por quê??
Já sei, ok, ok, ok... estou ligando pra minha terapeuta a-go-ra!